Bandas militares e filarmónicas
As bandas filarmónicas e militares começaram a surgir em São Tomé e Príncipe no século XIX, durante o período chamado de recolonização, aquando o regresso dos portugueses às ilhas e a fase da instalação das roças. Pode-se destacar três diferentes meios onde os grupos foram criados, sempre pelos Portugueses: no exército, nas igrejas e nas roças. Por não haver portugueses suficientes para fazerem parte das bandas, os ilhéus e os contratados foram incorporados nos grupos. Começaram a aprender a ler a pauta, a ensaiar, a interpretar a música de forma muito diferente da que caracterizava os seus anteriores grupos musicais. Assim como em Portugal, os grupos podem ser considerados como promotores da música entre um grande público e responsáveis pela popularização do ensino da música. As bandas eram compostos pelos vários instrumentos de sopro e alguns instrumentos de percussão.
“Com o surgimento de bandas que incorporavam os ilhéus iniciou-se um novo e importante ciclo na história da música no arquipélago. Pela primeira vez, os ilhéus foram organizados num agrupamento musical onde o ensino de execução de instrumentos e de leitura de pauta foram o ponto de partida para ensaios que antecipavam as atuações públicas. Os repertórios, como sinalizado acima, correspondiam, provavelmente, aos executados pelas bandas militares em Portugal. Caracterizavam-se pela grande diversidade de géneros musicais, entre os quais eram também incluídas as adaptações da música clássica, especialmente elaboradas para composição destas bandas e adequadas às aptidões dos seus membros. Quem tivesse passado por este tipo de agrupamentos musicais ganhava conhecimentos musicais europeus que, posteriormente, poderia usar noutras circunstâncias” (Chambel, 2022: 138).
Texto: Magdalena Bialoborska Chambel
Entrevistas
Ayres Major, Entrevista 05.2013, São Tomé, 28.08.2013
Caustrino Alcântara, Entrevista 01.2013, São Tomé, 15.08.2013
Caustrino Alcântara, Entrevista 40.2019, São Tomé, 22.01.2019
Fontes
A Voz de S. Tomé
Equador
O Trabalho
AECA. Número único comemorativo do 35.º aniversário da Associação dos Empregados do Comércio e Agricultura de S. Tomé, 29.01.1940, editado por Tomé Agostinho das Neves.
Bibliografia
Amado, Lúcio Neto (2010), Manifestações culturais são-tomenses. Apontamentos, comentários, reflexões, São Tomé, UNEAS.
Ambrósio, António (1984), Subsídios para a história de S. Tomé e Príncipe, S.I, Livros Horizonte.
Chambel, Magdalena Bialoborska (2022), Dêxa puíta sócó(m)pé. Música em São Tomé e Príncipe: do colonialismo à independência, Lisboa, Centro de História da Universidade de Lisboa.
Lameiro, Paulo, André Granjo, et Pedro Bento. 2010. “Banda filarmónica.” In Enciclopédia de música em Portugal no século XX, ed. Salwa Castelo-Branco, vol. 1, 108-113. Lisboa: Círculo de Leitores.
Lameiro, Paulo. 2010. “Banda militar.” In Enciclopédia de música em Portugal no século XX, ed. Salwa Castelo-Branco, vol. 1, 113-114. Lisboa: Círculo de Leitores.
Nascimento, Augusto (2005), Entre o mundo e as ilhas. O associativismo são-tomense nos primeiros decénios de Novecentos. São Tomé: UNEAS.
Nascimento, Augusto (2002), Poderes e quotidiano nas roças de S. Tomé e Príncipe: de finais de Oitocentos a meados de Novecentos. S. l.: edição do autor.
Sousa, Pedro Alexandre M. Marquês de (2008a), “A música militar em Portugal”, Proelium – Revista da Academia Militar 6(10):99-128.
Sousa, Pedro Marques de (2013), “As bandas de música no distrito de Lisboa entre a egeneração e a República (1850-1910): história, organologia, repertórios e práticas interpretativas”. Tese de doutoramento. Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. url: https://run.unl.pt/handle/10362/11797
Sousa, Pedro Marques de (2008b), História da música militar portuguesa. Lisboa: Tribuna.
Banda da Câmara Municipal de São Tomé e Príncipe
A Banda da Câmara Municipal de São Tomé e Príncipe era dirigida pelo sargento do Exército português, Ismael Jorge. Foi a banda que atuou em Paris. Lúcio Neto Amado, que menciona esta formação musical no seu livro (Amado, 2010: 38), não indica as datas do período de atividade da banda, nem a altura…
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Banda de Música do Corpo de Polícia
Banda de Música do Corpo de Polícia da cidade de São Tomé
As notícias sobre a banda de Música do Corpo de Polícia começam a aparecer no jornal A Voz de São Tomé em 1953, o ano indicado por Amado como a data da sua criação (Amado, 2010: 36).
Era a banda filarmónica muito ativa, dinâmica, apoiada pelo governo e cujas apresentações eram de agrado de um…
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Banda da Missão Católica da Trindade
Existem informações sobre uma banda da Trindade, organizada e dirigida pelo clero.
Não é conhecida a data da sua criação, mas Ambrósio indica três padres que reorganizaram a ensaiavam a banda e cuja atividade corresponde ao segundo e terceiro quartel dos novecentos: padre António Pires Marques…
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Banda Santa Cecília (Banda Farrapana)
Banda Santa Cecília (Banda Farrapana) de Boa Morte
A Banda Santa Cecília, chamada também Banda Farrapana, era originária de Boa Morte. O nome Farrapana, dado ao grupo pelo padre Martinho Pinto da Rocha, tinha a ver com o mau estado dos instrumentos que utilizavam (Amado, 2010: 36-37). Este padre, em 1921 nomeado presidente da Câmara de São Tomé,…
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