Banda Santa Cecília (Banda Farrapana)
Banda Santa Cecília (Banda Farrapana) de Boa Morte
A Banda Santa Cecília, chamada também Banda Farrapana, era originária de Boa Morte. O nome Farrapana, dado ao grupo pelo padre Martinho Pinto da Rocha, tinha a ver com o mau estado dos instrumentos que utilizavam (Amado, 2010: 36-37). Este padre, em 1921 nomeado presidente da Câmara de São Tomé, decidiu ajudar o grupo e restaurou a banda no início dos anos 1920. Até 1923 foi o seu regente (Ambrósio, 1984: 85).
A banda existiu por um prolongado período do tempo ou o nome foi sendo recuperado para a designação de formações reestruturadas, já que, em maio de 1947, se noticiou a sua atuação na Festa do Tricentenário da Imaculada Conceição, onde “animou as festas com as suas notas alegres” [1]. Um ano mais tarde, a participação ativa da banda nas festas de Magodinho foi destacada pelo mesmo jornal: “…a fanfarra “Farrapana”, percorreu as ruas da Cidade anunciando que eram horas de se dirigirem para o local da festa, onde já havia muita gente. (…) À entrada do recinto, a filarmónica tocou o Hino, sendo então levantados vivas ao Sr. Governador, Encarregado do Governo, Presidente da Câmara e outras entidades” [2]. Em dezembro do mesmo ano, junto com a Banda da Missão Católica de Trindade e com os grupos representativos das Praias da Colónia: Pantufo, Praia Melão, Santana, Ribeira Afonso, S. João dos Angolares, Jou, Bindá, Neves, Morro Peixe, Cruz e Gamboa e também com os grupos representativos das roças, o Grupo Filarmónico de Santa Cecília participou nas celebrações alusivas à chegada do governador Major Carlos Gorgulho [3]. Abrilhantou, também, os festejos da cidade de S. Tomé, tocando no Parque General Carmona [4]. Acompanhava, com regularidade, as procissões realizadas por ocasiões de festas religiosas de várias localidades, como foi o caso da festa da Nossa Senhora da Conceição [5].
[1] A Voz de S. Tomé, Maio 1947, Número Único, Jornal Comemorativo do XXI Aniversário da Revolução Nacional. Regresso de Sua Excelência o Governador da Colónia Major Carlos de Sousa Gorgulho.
[2] A Voz de S. Tomé, 16.09.1948, Ano II, N 29, p.1.
[3] A Voz de São Tomé, 16.12.1948, Ano II, N 35, p.6.
[4] A Voz de São Tomé, 01.01.1949, Ano II, N 36, p. 2.
[5] A Voz de S. Tomé, 31.12.1949, Ano III, N 56, p.4.
[Extrato do livro Dêxa puíta sócó(m)pé. Música em São Tomé e Príncipe: do colonialismo à independência de Magdalena Bialoborska Chambel]
Fontes
A Voz de S. Tomé
Bibliografia
Amado, Lúcio Neto (2010), Manifestações culturais são-tomenses. Apontamentos, comentários, reflexões, São Tomé, UNEAS.
Ambrósio, António (1984), Subsídios para a história de S. Tomé e Príncipe, S.I, Livros Horizonte.
Chambel, Magdalena Bialoborska (2022), Dêxa puíta sócó(m)pé. Música em São Tomé e Príncipe: do colonialismo à independência, Lisboa, Centro de História da Universidade de Lisboa.