Mapa Cultural S. Tomé e Príncipe

O Mapa Cultural São Tomé e Príncipe é um projeto de recolha, arquivo e partilha de informações referentes à cultura de São Tomé e Príncipe. O mapeamento de grupos e de lugares que fazem ou fizeram parte do universo cultural das ilhas, organiza o material apresentado. Cada entrada encontra-se catalogada, indexada e georreferenciada no mapa, o que possibilita a criação de rotas temáticas e a visualização da disposição de determinadas manifestações ou grupos. As descrições baseiam-se no material recolhido no terreno e em fontes literárias e arquivísticas. A mesma multiplicidade de origens caracterizará o material visual, áudio e audiovisual. Todas as fontes estão devidamente indicadas.

O projeto parte dos materiais recolhidos pelo fotógrafo José Chambel, que desde 1997 fotografa as pessoas e os lugares das ilhas, e pela investigadora do Centro de História da Universidade de Lisboa, Magdalena Bialoborska, que desde 2013 se dedica ao estudo da cultura e da história de São Tomé e Príncipe.

O principal motivo para o desenvolvimento deste projeto foi a vontade de partilhar os materiais recolhidos com um vasto e diferenciado público, também não-académico. A plataforma, pela diversidade do material inserido, bem como pela facilidade do seu manuseamento, poderá ser útil a qualquer pessoa interessada em saber mais sobre a cultura das ilhas. O rigor científico da pesquisa, da análise e da apresentação de dados, bem como a metodologia desenhada para a realização do projeto, garantem o desenvolvimento de uma ferramenta de qualidade, credível e em permanente evolução.

Até agora identificámos várias centenas de grupos, pessoas e lugares ligados às manifestações e atividades culturais e de lazer. Apesar de o projeto ainda estar a decorrer, decidimos de começar a partilhar os materiais já recolhidos.  Gradualmente, iremos colocar as informações na plataforma. Algumas das entradas ainda não estão completas, já que os materiais recolhidos até agora não permitem a criação de descrições definitivas. Nestes casos, quando consideramos que existe a possibilidade de complementação do material, deixamos um aviso logo no início de texto [entrada em construção]. No entanto, haverá algumas lacunas impreenchíveis em casos onde à falta de fontes escritas junta-se a inexistência de memórias ou pós-memórias porque as pessoas que as guardavam já faleceram. Esperamos que a criação deste arquivo possa servir como um antídoto contra o esquecimento.

Contribuíram e contribuem para a construção do projeto centenas de pessoas que partilham as suas memórias, as suas histórias e as informações que têm acerca da cultura de São Tomé e Príncipe.

O Mapa Cultural São Tomé e Príncipe é um projeto em permanente construção. Todos os comentários e sugestões podem ser enviados através do mail info@manga-manga.com ou formulário de contacto. Agradecemos, também, a partilha de fotografias, vídeos e outros materiais que possam enriquecer e melhorar este arquivo que é de todos.

AUTORES

Magdalena Bialoborska Chambel é investigadora do CNRS - Centre National de la Recherche Scientifique em Paris e investigadora associada do Centro de História da Universidade de Lisboa, do Centro de Estudos Sociais Amílcar Cabral em Bissau e do Centro de Estudos Internacionais do Iscte. É, também, produtora cultural. É pós-doutoranda em História no laboratório LLACAN- Langage, Langues et Cultures d’Afrique (Paris), doutora e mestre em Estudos Africanos pelo Iscte – Instituto Universitário de Lisboa, licenciada em Etnologia e Antropologia Cultural pela Universidade de Varsóvia e formada em Música pelo Conservatório Nacional de Música.
Participou em vários projetos de investigação, realizando trabalhos de terreno em São Tomé e Príncipe, na Guiné-Bissau, em Cabo Verde, na Maurícia e em Portugal. Os seus atuais interesses de investigação incluem mudança social e cultural em sociedades multiculturais e crioulas, música, arquivos sonoros, construção da memória, memorialização, esquecimento ou silenciamentos na história, particularmente na história da música. Além de publicações em revistas científicas e participações em eventos científicos, realizou e produziu dois documentários sobre a nacionalização das roças e os ex-contratados em São Tomé e Príncipe, organizou concertos de artistas santomenses. É autora do livro “Dêxa puíta sócó(m)pé. Música em São Tomé e Príncipe do colonialismo à independência” (Lisboa, 2022).

José Chambel é fotógrafo e cientista da informação. Natural de São Tomé e Príncipe, vive em Portugal. As suas imagens, que exploram uma linguagem estética entre a arte e o documento, foram exibidas em exposições individuais e coletivas em vários países, incluindo São Tomé e Príncipe, e fazem parte do acervo de coleções públicas e privadas, tais como a coleção do Centro Português de Fotografia, a coleção do Centro Cultural de São João da Madeira, a Fundação Ormeo Junqueira Botelho, Fundação PLMJ e a Coleção Lusofonias da Perve Galeria. Desde 1997, desloca-se regularmente às ilhas e fotografa os lugares, os acontecimentos e as pessoas, compondo um arquivo singular do universo ilhéu. Foi um dos primeiros artistas que trabalhou com um grupo de tchiloli, em 1997, criando um registo do Tchiloli de Cachoeira. Uma parte das suas fotografias está disponível no site josechambel.com. É membro-fundador e atual presidente da Plataforma Cafuka – Associação de Artistas Naturais de São Tomé e Príncipe.

COLABORAÇÃO

Juvenal Rodrigues, jornalista com experiência internacional e co-fundador do Jornal “Revolução”, o primeiro do pós-independência. Exerceu as funções de Diretor da Rádio Nacional, da TVS e do semanário privado “Correio da Semana”. Presidiu a Comissão Organizadora das Primeiras Jornadas de Reflexão sobre a Informação Nacional. Co-participou na elaboração e apresentação do tema de base: "À procura de um lugar digno no processo de abertura e democratização (1988). Consultor local e co-autor do Relatório Nacional do Desenvolvimento Humano 2014 (PNUD) “A liderança da comunicação social para o desenvolvimento humano. O impacto de dar voz a uma sociedade civil livre”.
Na vertente musical, é baterista, percussionista e integrou várias bandas, entre as quais, Os “Míni-Úntuès”, Tropic-Som, da Direção da Cultura, e o Grupo Tempo. Por sua iniciativa, alguns instrumentistas foram mobilizados para o Projeto “Os MA’s” (Músicos Associados) para agregar a música num trabalho de investigação sobre o “Bligá” (Jogo de cacete), do qual resultou um álbum do mesmo nome, patrocinado pela Coordenação das Nações Unidas em 2000. Em Lisboa, foi co-fundador do Projecto “Dombó”, com o objetivo de abordar os géneros santomenses com novas sonoridades.
É membro da União Nacional de Escritores e Artistas Santomenses (UNEAS).

O Mapa Cultural São Tomé e Príncipe é um dos projetos da Manga-Manga, organização de direito santomense, que tem entre os seus principais objetivos a investigação, o registo e a difusão da cultura de São Tomé e Príncipe.

O projeto Mapa Cultural São Tomé e Príncipe tem apoio institucional do Centro de História da Universidade de Lisboa.