O conjunto Juvenil foi um dos grupos bastante ativos nos anos 1960. Faz parte do período de transição, quando ainda existiam os agrupamentos acústicos e começaram a surgir os conjuntos musicais.
O Juvenil distinguia-se pela sua composição: acrescentaram a gaita entre os instrumentos normalmente tocados pelos conjuntos da época. Este instrumento era tocado por Juca, que também cantava. Faziam parte deste grupo Domingos San Gudu, Gaio e Graça nas violas, Mário San Lila, Zé e Néné na bateria e, por fim, Aurélio no chocalho (Santo, 1998: 224-225).
Em 1966, o grupo foi convidado para fazer parte dos festejos alusivos à chegada dos portugueses à ilha do Príncipe, que decorreram em janeiro na cidade de Santo António. Acompanharam um baile que decorreu no sábado, dia 15, e “se prolongou pela noite dentro”. No dia seguinte, tocaram num arraial, junto com o conjunto Estrela Azul, da ilha do Príncipe [1]. O grupo tocava regularmente no Santana Futebol Clube, acompanhando os bailes aí organizados, o que costumava ser anunciado na “Agenda do leitor” do jornal A Voz de S. Tomé [2] e no terraço Moxito [3].
Santo sublinha a importância do conjunto Juvenil para a transformação da maneira de execução do socopé. Em vez de tocar de forma clássica este característico ritmo santomense, misturou-o com o ritmo de merengue (Santo 2010, 224-225).
Infelizmente, no arquivo da RNSTP, não existem as gravações do conjunto que possibilitassem uma análise mais exaustiva das fusões musicais praticadas por este grupo
[1] A Voz de S. Tomé, 8.01.1966, ano 19, n.º 723, p.4. Não encontrei mais informações sobre o conjunto Estrela Azul, da ilha do Príncipe.
[2] Por exemplo, A Voz de S. Tomé, 01.10.1966, ano 20, n.º 757, p. 2.
[3] A Voz de S. Tomé, 05.11.1966, ano 20, n.º 762, p. 5 e 12.11.1966, ano 20, n.º 763, p. 5.
Texto: Magdalena B. Chambel, parcialmente retirado de Chambel, 2022: 217.
Fontes
A Voz de S. Tomé
Bibliografia
Chambel, Magdalena Bialoborska (2022), Dêxa puíta sócó(m)pé. Música em São Tomé e Príncipe: do colonialismo à independência, Lisboa, Centro de História da Universidade de Lisboa.
Santo, Carlos Espírito (1998), A Coroa do Mar, Lisboa, Caminho.