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O conjunto Sangazuza surgiu em junho de 1968 e atuou pela primeira vez no dia 18 de dezembro de 1968, “sem qualquer êxito, uma vez que eram desconhecidos pelos populares” [1]. Começaram a conquistar público no ano seguinte, especialmente após a apresentação no terraço Ar e Vento no Riboque, no mês de fevereiro [2]. Contudo, o verdadeiro e contínuo sucesso do grupo teve início em 1973, quando conquistaram o segundo lugar no concurso dos conjuntos no Parque Popular, em que participaram também os Úntues, os Leonenses e os Quibanzas. “A partir de então Sangazuza ficou registado no seio dos grandes”, afirmou um dos “veteranos do grupo”, Rivete Fernandes, numa entrevista concedida ao jornalista Ricardo Neto [3].
Ao longo de vários anos, tiveram como vocalista e compositor um dos mais considerados artistas santomenses, Hyder Índia. Na fase inicial da sua atividade, fizeram parte do conjunto Hyder Índia e Joaquim (voz), Mendes e Rivete Fernandes (violas), Orlando Teixeira (bateria e viola), Eugénio Semedo (voz e reco-reco). Mais tarde, juntaram-se ao grupo Salgueiro Tioló e João Seria (vozes), António Adelino (viola) e Virgílio Augusto (reco-reco). Numa fase posterior, a composição do grupo foi mudando e, entre os músicos que passaram pelo conjunto, enumerem Gapa, Hélder Camblé, Dedinho, Menezes, Dany Aguiar nas vozes, Paulo Neves, José Coelho, Vasco, Mário Garrido, Vasco Santana, Fernando nas violas, Julinho e Neto na bateria, Leonardo e Teconardo nos saxofones, Bebeto e Espírito nos trompetes e o polivalente Vava na viola, teclado e bateria (Santo, 1998: 232, Amado, 2010: 55). Os ensaios do grupo decorriam na ex-oficina de marcenaria de Hyder India, em Fruta-Fruta [4]. Ademais, alguns dos membros do conjunto, mais tarde desenvolveram carreiras a solo. Entre eles encontram-se Gapa, Garrido e Helder Camblé (Amado, 2010: 54).
Pode aferir-se a sua popularidade pelos anúncios das suas atuações nos inícios dos anos 1970, publicados em A Voz de S. Tomé. Entre 1971 e 1972, tocaram, entre outros, nos terraços Ar e Vento no Riboque [5], Boeing-707 na Praia Gamboa [6], Flógi-Dedinho [7], Mole-Mole no Cruzeiro [8] e Famoso no Pantufo [9].
No arquivo da RNSTP existem várias dezenas de fitas com os registos do grupo dos anos 1970 e 1980.
[1] Notícias de São Tomé e Príncipe, 18.06.1993, Ano II, nº 62, p.16.
[2] Notícias de São Tomé e Príncipe, 18.06.1993, Ano II, nº 62, pp. 16-17.
[3] Ibidem.
[4] Tela Non, 6.08.2014, artigo de Inter Mamata, “Cardoso Bá Aeroporto, saudades do homem que deixou a música nacional mais pobre”, disponível on-line em: https://www.telanon.info/cultura/2014/08/06/17078/cardoso-ba-aeroporto-saudades-do-homem-que-deixou-a-musica-nacional-mais-pobre/, última vez consultado em Agosto de 2019.
[5] A Voz de S. Tomé, 14.09.1971, Ano XXIV, N 1009, p. 4.
[6] A Voz de S. Tomé, 26.10.1971, Ano XXIV, N 1014, p. 2; 30.11.1971, Ano XXIV, N 1019, p. 2; 15.02.1972, Ano XXIV, Nº 1030, p. 3.
[7] A Voz de S. Tomé, 2.11.1971, Ano XXIV, N 1015, p. 4.
[8] A Voz de S. Tomé, 16.11.1971, Ano XXIV, N 1017, p. 4; 7.12.1971, Ano XXIV, N 1020, p.4, 14.12.1971, Ano XXIV, Nº 1021, p. 4.
[9] A Voz de S. Tomé, 1.02.1972, Ano XXIV, N 1028, p. 3.
Fontes
A Voz de S. Tomé
Notícias de São Tomé e Príncipe
Téla Non
Arquivo Musical da RNSTP
Arquivo Nacional de São Tomé e Príncipe: Fundo Direcção Geral de Cultura 001 – DGC, Correspondências Diversas 1978/1983. Depósito 1, Estante 32, Prateleira 2, Nº 17
Bibliografia
Amado, Lúcio Neto (2010), Manifestações culturais são-tomenses. Apontamentos, comentários, reflexões, São Tomé, UNEAS.
Chambel, Magdalena Bialoborska (2022), Dêxa puíta sócó(m)pé. Música em São Tomé e Príncipe: do colonialismo à independência, Lisboa, Centro de História da Universidade de Lisboa.
Santo, Carlos Espírito (1998), A Coroa do Mar, Lisboa, Caminho.