Terraços

Os terraços, espaços de convívio existentes em várias partes das ilhas, começaram a surgir nos anos 1960, na mesma altura em que os agrupamentos acústicos deixavam, gradualmente, de existir, e as formações novas, os conjuntos musicais, proliferaram no arquipélago. Os terraços substituíram os anteriores fundões, cuja estrutura não era adequada ao novo tipo de convívio. Houve um período em que existiam os dois tipos de recintos (Entrevista 47, São Tomé, 25.01.2019). Como exemplo, citem-se os fundões Santa Maria, em Guadalupe, e Basto, em Santo Amaro, que ainda recebiam os grupos na altura em que já funcionavam vários terraços.

Os terraços, mais adequados ao novo tipo de grupos musicais, à amplificação de som, aos novos géneros musicais e estilos de dança, eram, na maioria dos casos, mais espaçosos e, também por isso, abertos a um público mais vasto. O chão de terra batida foi substituído pelo chão de cimento e o posicionamento dos grupos no recinto foi alterado: em vez de tocarem no meio da área, foram colocados junto a uma das paredes da sala, deixando mais espaço para os dançarinos, virados em direção a público. A maior quantidade de grupos e o surgimento deles em várias partes das ilhas, não somente na cidade capital, levou à construção de terraços em diversos sítios.

No início dos anos 1970 existiam dezenas de terraços, espalhados por ambas as ilhas. A revisão do jornal A Voz de S. Tomé permite criar uma lista – provavelmente incompleta, mas já bastante desenvolvida – dos espaços existentes na altura, que se segue: Ar e Vento

no Riboque, Boening-707

na Praia Gamboa, Celeste , Pedro Tavares , Brinca no Chão , Flor Negra

em Guadalupe, Brinca na Areia

e Madrid

na Madre Deus, Beira-Mar

na Praia Angra Toldo, Gandú

e Famoso

no Pantufo, Suzuk

em Almas, Mini-Saia

na Praia Melão, Swing

em Bombaim, Rosinha

e Mercado Municipal

na Trindade, M-M

em António Soares, Santa Maria

em Capela, freguesia de Trindade, Molo-Mole

no Cruzeiro, Portugal , Eusébio

e Vírgilio da Silva

em Neves, Yè-Yè

em Madalena, Brito Pinto

em Santo Amaro, Izidoro

e Beiramar

em Ribeira Afonso, Moxito

em Bobo-Forro, Carrocel

em Rocinha Cola (Almeirim), Onda

em São João dos Angolares, César

em Angolares, Mindelo

em Oque-del-Rei e ainda Flógá-Dedinho , Os Castros , Lafões

e Quichipá , cuja localização não foi indicada.

Atualmente, estamos a fazer o levantamento de todos os terraços surgidos nos anos 1980 e depois, bem como confirmar que espaços estão em funcionamento até agora.


Texto: Magdalena Bialoborska Chambel


Entrevistas

Várias entrevistas realizadas desde 2013 em São Tomé e Príncipe e em Portugal

Fontes

“A Voz de São Tomé”

Bibliografia

Chambel, Magdalena Bialoborska (2022), Dêxa puíta sócó(m)pé. Música em São Tomé e Príncipe: do colonialismo à independência, Lisboa, Centro de História da Universidade de Lisboa.