Bulauê

Gênero musical acompanhado pela dança, um dos mais recentes a surgir nas ilhas de São Tomé e Príncipe. Definiu-se, com este nome e forma musical, entre a segunda metade dos anos 1970 e inícios dos anos 1980. Muito rapidamente ganhou popularidade e os grupos de bulauê surgiram em várias partes do arquipélago.

Na sua versão original, um grupo de bulauê era composto por tocadores de instrumentos de percussão, um ou dois cantores e um coro de vozes femininas, reforçado pelas vozes dos instrumentistas. O número de tocadores oscilava entre 5 e 10 pessoas e entre os principais instrumentos encontram-se vários tambores (tabaques, uémbe, maria) e chocalhos. Este formato acústico prevalecia. Com tempo, alguns dos grupos, incluíram outros instrumentos, como sintetizadores e recorreram a amplificação de som.

As mulheres que fazem parte de grupos, chamadas membras, além de cantar, também dançam. A dança é simples, sem figuras ou passos elaborados e limita-se ao acompanhar com os movimentos do corpo o ritmo da música.

Nas letras o crioulo forro predomina, apesar de existirem também as músicas cantadas em angolar, em português e, até, em crioulo cabo-verdiano. Esta variedade de línguas indica a multiplicidade de origens dos membros de grupo e reflete as mudanças socioculturais a ocorrer nas ilhas nas últimas décadas.

O bulauê é executado em vários momentos do ano, tanto nas festas religiosas, familiares e nas festividades anuais.

Até agora, identificámos cerca de 50 grupos de bulauê que existiam/existem em São Tomé e Príncipe.

Texto: Magdalena Bialoborska Chambel

Entrevistas

O tema de bulauê foi abordado em dezenas de entrevistas realizadas desde 2013 em São Tomé e Príncipe e entre os santomenses a viver em Portugal

Fontes

Arquivo da Rádio Nacional de São Tomé e Príncipe

Bibliografia

Bialoborska, Magdalena (2016), ”Vungu Téla. Estudo da Música Santomense: Uma proposta de métodos, técnicas e objectivos”, Cadernos de Estudos Africanos, 32, pp. 97-122.

Chambel, Magdalena Bialoborska (2022), Dêxa puíta sócó(m)pé. Música em São Tomé e Príncipe: do colonialismo à independência, Lisboa, Centro de História da Universidade de Lisboa.

Bialoborska, Magdalena (2020), “Panorama musical numa roça no sul de São Tomé: Ribeira Peixe antes e depois da independência”, Africana Studia, 34, pp.131-149.

Os atuais membros do grupo Malixa indicam o ano de 1977 como a altura em que o grupo começou as suas atuações de forma organizada. Sublinha-se que já antes desta data os tocadores de tambores do antigo grupo do danço congo, Lisboa Nova, costumavam acompanhar as festas e convívios. Contudo, somente…
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